Como estruturar sua empresa para ter um software bem organizado
Um sistema de software bem estruturado é o mínimo necessário para o sucesso de qualquer empresa orientada por tecnologia. Neste artigo, apresentarei conceitos cruciais para organizar sua empresa de forma eficiente.
Domínio de negócio: o coração da sua empresa
O domínio de negócio representa a atividade principal de uma empresa. Ele engloba inovações, otimizações, conhecimento especializado e propriedade intelectual. É o que diferencia sua empresa no mercado, oferecendo uma vantagem competitiva.
Para ser eficaz, o domínio principal deve ser tratado como uma solução interna, desenvolvida com cuidado para atender às necessidades exclusivas do negócio.
Subdomínios: categorizando diferentes áreas do negócio
Nem todas as partes de um sistema têm a mesma complexidade ou valor estratégico. Por isso, devem ser classificadas como:
- Subdomínio principal (Core Subdomain)
Representa a essência do negócio — naturalmente complexo e fonte de vantagem competitiva.
Nunca deve ser negligenciado ou simplificado, pois é a parte mais valiosa. - Subdomínio genérico (Generic Subdomain)
Trata de problemas já resolvidos no mercado. Pode ser complexo, mas não traz vantagem competitiva.
Subdomínio de apoio (Supporting Subdomain)
Lida com problemas simples que auxiliam o negócio (ex.: registros de sistema, logs).
Especialistas no domínio e linguagem ubíqua
Trabalhar com especialistas no domínio — pessoas que entendem profundamente as regras e necessidades do negócio (geralmente os usuários finais) — é essencial.
A linguagem ubíqua é uma forma padronizada de comunicação utilizada por todos os envolvidos no projeto:
- Elimina ambiguidade e jargões técnicos desnecessários.
- Deve refletir tanto o domínio de negócio quanto os modelos dos especialistas.
Aplica-se em requisitos, testes, documentação e código.
Gerenciando modelos complexos com design estratégico
Os modelos de software devem ser úteis e coerentes, o que significa que as divisões funcionais precisam fazer sentido. Dividir o sistema em contextos delimitados (bounded contexts), implementados como serviços ou módulos independentes, é fundamental.
Integração entre contextos delimitados
A integração entre diferentes partes do sistema pode ser feita de diversas formas:
- Núcleo compartilhado (Shared Kernel)
- Contratos de integração são compartilhados entre equipes.
- Mudanças são custosas, pois impactam várias áreas.
- Contratos de integração são compartilhados entre equipes.
- Cliente-Fornecedor (Customer-Supplier)
- Uma equipe fornece serviços para outra.
- Muitas vezes há desequilíbrio de poder.
- Uma equipe fornece serviços para outra.
- Conformista (Conformist)
- A equipe “upstream” dita as regras, deixando pouca flexibilidade para a “downstream”.
- Pode gerar frustração sem o suporte adequado.
- A equipe “upstream” dita as regras, deixando pouca flexibilidade para a “downstream”.
- Camada anticorrupção (Anti-Corruption Layer)
- Semelhante ao modelo conformista, mas com uma camada intermediária que protege o sistema downstream.
- Semelhante ao modelo conformista, mas com uma camada intermediária que protege o sistema downstream.
- Serviço de hospedagem aberto (Open Host Service)
- O provedor separa a implementação interna da interface pública.
- O provedor separa a implementação interna da interface pública.
Permite evolução sem afetar os consumidores.
Conclusão
Os desafios diários de um desenvolvedor devem vir de problemas técnicos — não de complexidades desnecessárias. Eliminar ambiguidade no design garante um trabalho em equipe mais fluido. A existência de débitos técnicos é comum, porém deve haver sempre uma estratégia clara para evitar que eles se acumulem.
Um exemplo real de como bugs podem atrapalhar entregas está no quinto ponto do Joel Test: 12 passos para um código melhor, que descreve como a equipe do Microsoft Word levou anos para lançar funcionalidades por causa de uma dívida técnica massiva.
Nunca subestime o impacto dos bugs — pequenos problemas ignorados podem se transformar em obstáculos críticos.